Durante décadas, o setor imobiliário foi movido por uma lógica de expansão: construir mais, ocupar mais, crescer em extensão. Hoje, essa lógica já não serve o mundo em que vivemos. A sustentabilidade deixou de ser uma opção, é um imperativo que redefine a forma como projetamos e habitamos o espaço urbano. Construir para o futuro é construir com consciência, responsabilidade e visão.
O setor da construção e do imobiliário é responsável por uma parte significativa das emissões globais e do consumo energético. Ignorar este impacto é adiar um problema urgente. As novas gerações, mais informadas e exigentes, valorizam o impacto ambiental e procuram casas que conciliam conforto, eficiência e propósito. Habitar deixou de ser apenas ocupar um espaço: é, cada vez mais, fazer uma escolha consciente.
Os projetos mais inovadores são os que integram a sustentabilidade desde o desenho. Eficiência térmica, uso de materiais reciclados e recicláveis, integração de energias renováveis e sistemas inteligentes de gestão de recursos já não são opcionais. São a nova norma e o novo padrão de qualidade.
As certificações energéticas, outrora vistas como um requisito técnico, passaram a ter impacto direto na valorização dos imóveis. Um edifício energeticamente eficiente não só reduz custos de operação, como acrescenta valor e confiança ao investimento.
Esta eficiência e valorização estão hoje intrinsecamente ligadas à inovação tecnológica. A tecnologia é um dos grandes aliados da sustentabilidade, permitindo uma gestão mais inteligente e responsável dos recursos. Os sistemas IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas), redes de sensores e dispositivos conectados que recolhem e analisam dados em tempo real, possibilitam monitorizar consumos de energia e água, ajustar comportamentos e reduzir o desperdício.
A digitalização da construção, desde a modelação com tecnologia BIM até à gestão pós- venda, garante maior eficiência em todo o ciclo de vida do edifício. Construir de forma inteligente não é apenas integrar tecnologia: é fazê-lo com propósito, garantindo que a inovação serve o bem-estar das pessoas e o equilíbrio do planeta.
Urbanismo e habitação inclusiva: regenerar cidades e ecossistemas
Regenerar em vez de expandir, reabilitar em vez de substituir e criar comunidades em vez de apenas edifícios. O urbanismo consciente parte da premissa de que o verdadeiro desenvolvimento urbano é aquele que respeita o território, valoriza o património existente e contribui para uma vida coletiva mais equilibrada.
Reabilitar áreas degradadas, devolver espaços à cidade e apostar em usos mistos, como habitação, comércio, serviços e lazer, é investir em cidades mais vivas, humanas esustentáveis. Esta regeneração urbana deve ser também ecológica, promovendo uma nova relação entre a cidade e a natureza.
O urbanismo sustentável adota cada vez mais soluções baseadas na natureza, como o conceito de cidade-esponja, que permite absorver e reaproveitar a água da chuva, reduzindo o risco de cheias e aumentando a resiliência climática. A plantação de árvores e vegetação que reduz a temperatura através do sombreamento e da evapotranspiração ajuda a mitigar as ilhas de calor urbano, enquanto jardins com espécies autóctones e adaptadas ao clima reforçam a biodiversidade e o equilíbrio ecológico. Iniciativas como telhados verdes, hortas urbanas e micro florestas aumentam a presença de natureza nas cidades, tornando-as mais resilientes, habitáveis e saudáveis.
Ao aproximar as pessoas da natureza, estas soluções contribuem também para a coesão social e o bem-estar das comunidades. A sustentabilidade é, ao mesmo tempo, ambiental e social. O futuro do imobiliário passa por garantir acesso a uma habitação digna, eficiente e integrada, promovendo bairros inclusivos onde diferentes gerações e classes sociais podem
coexistir. Projetos que favorecem a mobilidade sustentável, a diversidade de usos e a convivência entre pessoas e natureza são, cada vez mais, os que geram verdadeiro valor urbano e fortalecem o bem-estar coletivo.

